O Dia em que...

 O Dia em que Tu Disseste


que não tinhas mais nada a dizer.
Esse foi o dia em que me tornei expert em linguagem corporal e leitura de pensamentos.

No dia em que calaste silêncios,
eu soube pela tua postura - ereta e rija - que eras tu quem ditava as regras do jogo (e que elas eram bem diferentes das minhas). 
O teu corpo dizia (para tristeza minha): acabou! O teu corpo gritava: que já não adiantava, que não havia mais amor para conjugar. 

No dia em que Tu disseste que não tinhas nada para dizer,
o teu olhar denunciou o teu sorriso mendacioso. 
Tu sabes: os olhos nunca mentem!

No dia em que mataste o amor,
registei os teus braços cruzados, a tua testa enrugada, a tua impaciência. E aprendi que era verdade: quando um não quer, dois não formam um par. 

No dia em que Tu disseste que não tinhas mais nada para dizer,
nem - inconscientemente - espelhaste os meus movimentos. Não me surpreendeste. Com a mensagem que estavas a passar como havíamos de nos sintonizar?

O dia em que desististe de nós,
sei que não foi fácil para Ti. Vi o teu olhar criar amarras no chão e - assim me mostrar - os teus estados de alma: tristeza, medo e desânimo.

No dia em que Tu disseste que não tinhas nada para dizer,
tentei convencer-te que ainda havia amor suficiente para recomeçar. Mas os teus olhos fecharam-se: então percebi que já não valia a pena tentar. 

No dia em que esvaziaste o meu coração
repeti para mim mesmo: que não existe fim que não tenha novo começo.
Nesse dia - de duplo sabor - morri e renasci.
Eis-me aqui!
Apresento-me.









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