Pensar diferente

Foi uma loucura.
Cheguei. Alguém fardado à porta da entrada impõe respeito. Tremi. Receei ser apanhado. Mas não desisti. Aproximei-me. Respirei bem fundo. Enchi-me de coragem. Entrei. Que alívio! Não fui descoberto. Segui adiante. Pelo corredor sem fim. Cada passo meu era de tamanho gigante. Agora só tinha de te encontrar. Comecei a abrir as portas que encontrava. Deparei-me com alguns espaços vazios de nada; outros cheios de batas brancas. Encontros que queria evitar. Por aqui e ali fui conseguindo passar, do meu objetivo nada me iria separar. 
A minha figura! Parecia Carnaval! Eu disfarçado de enfermeira! Mas estava tão revoltado que, naquele dia, era capaz de tudo. Até que avistei as enfermarias. Aí, pouco faltava para cumprir a minha missão. Percorri-as à tua procura. E quando te encontrei? A tua cara! Mescla de incredibilidade com felicidade. Fiz-te sinal que não falasses. Obedeceste-me. Aproximei-me da tua cama. Murmurei: pensavas que te deixava ficar aqui? Respondeste-me com o olhar navegado de água. Disse-te: vamos? E tu saltaste da cama. Fizemos o percurso inverso sem ninguém nos descobrir.
Hoje internam-se as pessoas como loucos só porque se atrevem a pensar diferente. Mas comigo, não! Que raios decidiram fazer contigo? Foi uma loucura.

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