Existem?

  Foi um dia em que me enrolei com a preguicite - amante perfeita para uma manhã de sábado. Na cama, os dois, quão bom, que delícia! - após louca semana de trabalho. Horas depois, farto, dei-lhe um chega para lá e desenroscamo-nos. Peguei no comando da televisão e liguei-a para ouvir aquilo a que os mendazes chamam: notícias do dia. Como sempre eram velhas. Desinteressei-me. Fixei a minha solidão no vazio do meu quarto. Os tetos continuavam brancos, assim como as paredes. Foi então que o meu olhar se dirigiu para a porta. Encontrei-a aberta. Estranhei. Se havia algo que eu fazia sempre antes de me deitar, era fechar a porta e certificar-me que estava mesmo fechada – mania, em jeito de obsessão, de um solitário da vida. Então, por que raios me aparecia ela aberta agora? Só lá dormia eu!

 

Encontrava-me assim - embrenhado em tais pensamentos - quando avisto um vulto de um ser humano a passar em frente ao espaço vazio que aquela porta aberta deixara. Foi a minha iniciação nas experiências paranormais. Já tinha delas ouvido falar – mas nelas não era crente. 

 

Não saí correndo atrás dele pela casa. Não telefonei a ninguém para contar o sucedido. Nem ao meu psiquiatra o fiz. Isto porque, imediatamente, associei aquele vulto á figura de um familiar que já partira por vontade própria. Não tenho quaisquer dúvidas que era ele. 

 

Não tive medo. Senti foi saudades. Imensas! E pena: por ele não ter entrado no meu quarto; por não se ter sentado na minha cama, bem como, por comigo não ter conversado. Quanto gostaria de lhe ter ouvido a voz mesmo não lhe vendo o físico. Mas ele deve ter tido também receio, principalmente das minhas questões. Obviamente que a primeira seria sobre o que até hoje não entendo: porquê? 






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