Amar não é complicado
Foi um erro.
Os anos voam e nós convictos que cada vez somos mais sapientes.
Tremendo engano este!
Tive um amigo que se convenceu que o seu coração estava vazio, de tal forma oco que não tinha mais amor para dar.
Então, disse-lhe que não a queria porque tinha deixado de saber amar.
Ela, incrédula, recusava-se a acreditar!
Por isso, ele teve de lhe repetir, várias vezes, a palavra “Não”.
E cada um seguiu mesmo o seu novo caminho.
Até que um dia, muitos anos depois, a voltou a encontrar.
Bateu de frente com ela.
Houve cruzamento de olhares, repetiu-se a faísca. Só que, desta vez, aquela siderou-o. E ele não mais resistiu.
Disse que “Sim”.
E ela veio.
No início, estavam assustados, petrificados pelas lembranças passadas, jogando às escondidas.
O que o fez repensar: será que deixei mesmo de saber amar?
Aqui entrou o melhor dos conselheiros: o tempo.
Os dias foram passando e ambos, pacito a pacito, foram-se aproximando de
mansinho. Cada um deixando o outro entrar, devagarinho, na sua vida. Foram trocando afectos, olhando-se nos olhos, falando sério. A cada dia, o coração deles insuflava mais um pouco, ao beber da poção mágica do amor.
Confidenciou-me sobre como era bom provar da felicidade. Que ela tinha um sabor magnífico, que não entrava apenas pelo palato mas entranhava-se por todo o
corpo.
Contou-me ter existido um momento em que, ainda,olhou para trás. E o que viu reflectido foi o Medo.
Medo de amar, de se dar, de compartilhar a vida, da responsabilidade por uma família.
Tantos anos vazios só por Medo. Tanta felicidade jogada fora sem sentido.
Agora ele conhecia o palato e a cor do amor.
Passou a saber conjugar os verbos dar, entregar, partilhar e amar.
E concluiu que amar não tem nada de complicado.
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