O Nascimento no ano de 2019
Porto, 01/01/2019
Para o Mundo:
- Noc, Noc.
Já passaram trinta e nove semanas. Mãe, eu sei que está na altura de sair, mas estou tão quentinho e resguardado desse mundo onde vou ter que viver.
Sei. Ou saio a bem... ou a mal.
Não pode passar das 40.
Também estou super-curioso para te conhecer, Mãe. E tu a mim, não é?
Ups.
Aqui vou eu, a escorregar.
Pum, pum, pum.
Desculpa mãe se te estou a magoar.
Que horror! Estou a sentir algo tão estranho. Deixem-me! Não me puxem, estão-me a magoar!
(Já o vemos. Vem aí. Força, faça força!).
Como não haveriam de me ver, se eu estou aqui?
Gente esquisita. Não gosto disto. Estou a ficar nervoso.
QUERO FICAR!
Olhem que eu vou gritar se me tirarem daqui! Estou a avisar.
Buaá! Buá!
Ah?
Não sou só eu que estou a chorar?
A Mãe e o Pai – homem - também?
Xii!
Que estranho mundo.
Tudo a chorar.
Se eu cheguei agora, não devia estar tudo a rir de felicidade?
Já sei! Não sou como imaginaram. Ó, desgraça a minha!
Os meus pais estão desiludidos comigo.
Buaá! Buá!
Pára! Pára!
Mãe, Pai, uma pessoa esquisita de bata azul está a raptar-me.
Socorrooooooo!
Ajudem-me. Não quero ir.
Buaá! Buá!
Que estranho!
Os meus pais não me salvam. Estão agarradinhos um ao outro, aos beijinhos e abraços.
Alô, alô?
Não me ouvem?
Deixem-se lá disso e venham buscar-me.
Buaà! Buà!
Não acredito!
Vou ter de viver com os batas azuis.
Nãoooooooooo!
Socorrooooooo!
Eu não me quero vestir assim.
Vou ter frio nas costas.
E não gosto dos gorros que usam.
Pára! Pára de me atirar água!
Esta água é diferente daquela onde vivi.
Buaá! Buá!
Quero voltar para a barriga da minha mãe.
Do Bebé sem nome,
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