Vide quanto é bonito!


Estava eu na  praia, a deliciar-me com uma bola de berlim, quando agarrei no telemóvel, seleccionei o modo fotografia e zás, tirei uma foto, como querendo imortalizar aquele momento.
Esta foto comprovará para mim – para todo o sempre - que a Felicidade existe.
A companhia era ótima.
O tempo estava delicioso.
A água do mar sentia-se quente como o sol.
As famílias estavam felizes.
As crianças brincavam e riam de satisfação.
Uns jogavam à bola, outros andavam de barco ou de mota de água.
Havia os que faziam paddle, um antigo desporto travestido de moderno.
Alguns dormiam o merecido descanso, após um ano de intenso trabalho.
Outros cultivavam-se, lendo.
Os barcos, ao longe, avistados do areal, enfeitavam o mar, do mesmo modo que as flores dão vida ao jardim. 
Os pára-pentes que outros barcos rebocavam, pintavam o céu de todas
as cores.
E os nadadores salvadores não representavam só segurança; as suas vestes, amarelas e laranjas, coloriam a praia, tal qual, os chapéus-de-sol.
Mas, acima de tudo, ouvia-se o barulho da Paz. 
Este era composto pela sonoridade da rebentação das ondas, pelo pipilar das gaivotas, pelo folhear dos livros e pelo riso das crianças. Assim como, pelos pregões dos homens das bolas de berlim e do estrangeiro das túnicas. Este que - no seu mau português - exibia as novidades do ano e dizia aos veraneantes:
- Vide quanto é bonito!
A Paz também existia e tinha ficado registada nessa fotografia.
A Paz existia porque tudo estava bem, tudo estava no seu lugar.
A bandeira verde esvoaçava, naquele momento, em sinal de esperança num amanhã como hoje.
Afinal é possível ser feliz com pouco.
E é tão bom ser feliz assim.
Até comendo uma bola de Berlim, das que não engorda, porque parado ficou o acto de a comer, no registo fotográfico daquela imagem.

Texto da Autoria de Lurdes Mesquita Babo 

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