A FALTA QUE O AMOR FAZ.


Mais depressa te internam num hospício que te dão amor.
Mais depressa te enfiam num lar – depósito de gente com dores físicas e da alma - que te dão amor.
Mais depressa te abandonam – se estiveres doente –  que te dão amor.
Mais depressa te julgam e apontam por uma doença que sofres que te dão amor.
Fazem-te o mesmo se tiveres duas, ainda que uma seja consequência de outra.
Mais depressa te mentem, quando não ignoram que tu sabes a verdade.
É bem mais fácil do que te darem amor.
A todos eles, tu estendeste a mão, quando precisaram.
Estiveste sempre lá.
Com um sorriso, uma palavra de conforto, uma ideia para o futuro, a solução de um problema.
Sempre disponível.
Sem nunca saber pronunciar a palavra: NÂO.
Há já vinte cinco anos que foi enviada a primeira sms, mas nem disso agora se lembram, apesar de terem o telemóvel por companhia favorita. Nem mesmo sendo agora a era do Messenger ou do WhatsApp.
Munem-se dele para irem ao facebook a toda a hora, mas não para marcar o teu número.
Como estás ou não estás é problema – exclusivo - teu.
Mas tu sempre vestiste a capa da Super-Mulher, por isso, é teu o mea culpa.
Apenas a retiraste por uns tempos, só que, nem esse direito te concedem.
Como somos rápidos a julgar os outros, nos dias de hoje.
Como somos ultrassónicos em abandonar os outros, no tempo presente.
Quão velozes somos a priorizar o que não devíamos.
Invertemos tudo: primeiro os bens materiais, o trabalho, a correria louca dos tempos modernos e, por último, as pessoas e os sentimentos.
Esta é a era da desumanização.
Sejam bem-vindos.
Quiçá – nela - consigam ser felizes.
Assim vos desejo.



Texto de autoria de Lurdes Mesquita Babo

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