Carta ao Pai Natal.

Porto, 19 de Dezembro de 2017.

Querido Pai Natal,

Espero que estejas bem. Já há tanto tempo que não te escrevia. Sabes os anos foram passando, virei mulher madura e deixei de te pedir presentes. Sim, talvez esse tenha sido o meu erro. Deveria ter continuado a fazê-lo. Quiçá, assim, pudesse ter contribuído, pouco que fosse, para que não chegássemos a Natais vestidos de hipocrisia.

Custa-me dizer-te, Pai Natal, mas a Paz e Harmonia, já não moram mais na tua época festiva.

Ainda assim, como em criança, atrevo-me a pedir-te um presente:

- Um jantar em família. Será pedir muito?!

Uma mesa, um candeeiro com luz, um prato de rabanadas, muitas cadeiras a rodeá-la preenchida de familiares presentes.

Confesso-te: estou cansada dos faltosos. Também eles contribuíram para por a hipocrisia no lugar da Paz e Harmonia.

Quisera eu fosse ao contrário.

Mas não foi, nem é.

E as coisas são como são.

Sempre puseram as suas vontades e interesses mesquinhos acima da tua festa e da felicidade da família.

Se te encontrares com os meus Avós e o meu tio diz-lhe que para mim eles estão presentes todos dias, em todos os Natais. Nunca deixaram de estar. Diz-lhes que o meu amor por eles não desapareceu. Pelo contrário, agigantou-se. Eles foram para mim o exemplo do que deve ser o Natal: amaram-me incondicionalmente. E é em homenagem a eles que te faço este pedido.

Seria tão bom se voltássemos a respirar Paz e Harmonia, substituindo a Hipocrisia. A minha alma voltaria e o meu respirar acalmaria.

Achas que te estou a pedir muito, Querido Pai Natal?

Independentemente da resposta, obrigada por me ouvires. Só isso já foi por demais importante para mim, nem imaginas quanto.

Despeço-me, como não podia deixar de ser, desejando-te a ti também um Feliz Natal.

Um abraço dos que apertam a alma.

                               Até ao ano.

                                                  Assinado: Lu-ar que se me deu

                                           (Lurdes Mesquita Babo).