Carta de um Pai ao Filho.




 Escolheste o número dois,
 para a tua camisola do nosso clube favorito.
 Mas para mim – filho -  tu foste sempre o primeiro.
 E se único fosse um numeral cardinal
 era esse, sem dúvida, o que te atribuiria.
 Dois são os braços com que te seguro,
 quando te coloco sobre as minhas espáduas,
 para que possas contemplar
 a beleza e emoção de todas as jogadas.
 Como dois multiplicado por dois,
 elevado um sem número de vezes ao quadrado
 potencia infinitos abraços
 que com firmeza e delícia nos cercamos.
 Quarenta e dois já é a minha idade
 mas eu sei querido filho
 que só a partir da tua
 ela começou a ter sentido.
 Cada risca das nossas clubísticas camisolas
 traduz em mim a marca da tua existência,
 seja ela um sorriso que a tua marotice me provoca,
 o delírio que me causa cada avanço no teu desenvolvimento,
 o aconchego da partilha de um abraço, de um beijo,
 ou uma ruga de preocupação se o teu corpo adoece.
 O relvado que ainda está vazio,
 aguardando a entrada dos nossos “heróis”
 virou um mero pontinho no mapa mundo
 quando comparado com o tamanho do meu coração
 aumentado pelo ritmo do teu crescimento.
 E a multidão - ruidosa e feliz -
 que nas bancadas aguarda aquela entrada em campo
 é o espelho do meu estado de espírito,
 consequência da tua simples existência.
 Observa, querido filho, os nossos “heróis” estão a entrar.
 Vê, sente e vibra com a alegria da festa e do trabalho.
 Mas nunca te esqueças que
 em todos e cada um deles só a Ti te vejo
 porque tu Filho,
 tu és - definitiva e eternamente - o meu único e verdadeiro Herói.
 Nunca duvides.


        Para Ti, querido filho, do pai que tanto te ama.

                                                                                       MMXVII-XII-V
 
  Texto de autoria de Lurdes Mesquita Babo

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