MULHER TEM SENTIMENTOS.
Matilde rumava a
casa.
Seguia como peã
pelos passeios da cidade.
Caminhava e
pensava.
Pensava e
caminhava.
Dupla função com a
sua assinatura, o que lhe permitia exercitar o corpo e a mente e compensar a
falta ao ginásio: “Que nojo estes
passeios, sujos e esburacados. Que falta de limpeza nesta cidade. Não só não há
transportes públicos de valia, como os que existem são incumpridores. Mais
vale, mesmo, ir a pé. São todos iguais os políticos. Temos eleições e continua
tudo a mesmíssima porcaria”.
Pensamentos que
lhe percorriam a mente, ao ritmo do seu caminhar, como se fossem ondas
magnéticas invadindo o seu cérebro.
Missão cumprida.
Agora tinha que
cumprir outra, a do milagre da descoberta das chaves de sua casa. Por isso, mexeu
e remexeu a sua mochila. Após longos minutos, milagre confirmado.
Que barulho estranho.
Matilde deu um
salto.
As suas chaves tinham “afagado”
um telemóvel que se encontrava caído à porta de sua casa.
Matilde pegou
neles.
Matilde é mulher,
ok?
Ai de quem a ouse recriminar!
Mulher nenhuma no
mundo abandonaria aquele telemóvel.
Mulher tem
sentimentos.
Matilde subiu os
degraus da sua casa. Colados aos seus dedos, as chaves e o telefone.
Ups, deu sinal.
Ups, não tem
código.
Mas tem dono Matilde,
tem dono.
“Pai” era o último
número marcado que Matilde remarcou.
- Ok, sim conheço
esse café. Se não se importa passo aí pelas 20h e apanho-o. Obrigado. – disse o “Pai”.
Matilde
explicou-lhe como estava vestida.
Chegou mais cedo.
De repente...
Espera... o “Pai” é
o Presidente da Câmara?! – exclamou Matilde.
Era.
Esfregou as mãos
de contentamento e pensou:
- Ah, vai ser
troca por troca. Ai, vai, vai. Levas o telemóvel, mas também levas certinho com
as minhas ondas eletromagnéticas.
Logo ela, a quem a
língua afiada nada devia.
Texto de autoria de Lurdes Mesquita Babo
Era necessario que todos seguissem a regra que o que se encontra nao Nos pertence......ficava bem....
ResponderEliminarConcordo plenamente. Por isso o telemóvel foi entregue ao pai do dono ( subentendedo-se do texto ser alguém jovem que o perdeu).
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