Carta de amor para uma filha.

  
Sem ti,
nada disto seria possível.
Sem ti,
nada disto faria sentido.
O sonho é meu,
mas a concretização é nossa.
Estiveste lá,
mesmo quando eu bati no fundo.
Sem ti, já não estaria aqui,
tu sabes disso.
Mas sempre que eu
e o meu cérebro complicávamos,
tu “descomplicavas”.
Lutaste por mim,
até à exaustão.
Mostraste-me que valia a pena,
e ensinaste-me os caminhos.
Eu segui-os,
porque tu,
além de boa filha,
és óptima conselheira.
E quando eu saía,
do buraco negro em que me meti
(e soube-o porque tu notaste
que eu já sorria de novo),
eis que veio um vendaval,
em forma de gente,
e pelas costas,
atirou-me ao chão.
Não é nada fácil,
quando te empurram para a escuridão,
no exacto momento em que estás a sair dela.
Tu não estavas presente,
mas foi como se estivesses,
porque quando o soubeste,
ligaste logo o “descomplicómetro”.
E recordaste-me os caminhos,
que ainda havia para percorrer.
E enquanto eu ia escorregando,
de novo para o buraco negro,
tu com a tua doçura e a tua força,
seguraste-me,
para que eu
não voltasse a cair.
Só que isso tem um preço,
demasiado doloroso para ti,
(como para mim).
Como se já não fosse suficiente
o empurrão,
veio também a retaliação.
E veio daqueles que se deviam distanciar,
bastando-se com as  eventuais consequências,
daquele acto na tua existência.
Ah, agora percebo melhor,
porque a mãe natureza
só me permitiu ter-te a ti!
És filha única,
porque és única de verdade.
Para quê, porquê mais,
se o melhor do ser humano
se concentrou em ti?
Por isso, no dia que aí virá,
és tu quem deve estar ao meu lado
e não alguém que mal conheço,
porque tu foste,
és e serás sempre
a minha âncora.



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