Uma Dor Sem fim
Vejo-me incorporada num Cristo-Rei.
Naquele que namora Lisboa.
Logo nele me enraízo e os meus braços abrem-se, aconchegando o mundo num abraço de Paz. Deixo-me ficar nesse enlace e toda eu sou invadida por uma sensação de tranquilidade e acalmia.
Depois permito-me olhar para o Céu, situado mesmo sobre a minha cabeça, estabelecendo um diálogo com alguém especial que aí reside. Alguém diferente, pelo que foi em vida e na morte.
Há dezenas de anos que queria ter esta conversa.
Inundo-o de perguntas.
A primeira, a mais óbvia:
- Porquê?
Depois seguem-se as outras que corroem o meu cérebro todos os dias: Foi por causa da solidão? Foi por causa do abandono? Foi por preocupação? E porque não conseguiu parar? Por que razão não disse a si mesmo: esta não é a solução?
As respostas foram as que sempre imaginei:
Foi o abandono.
Foi o desapego daqueles de quem nunca esperaria rejeição.
Foi o abraço forte e sentido que faltou, substituído pelo apontar do dedo.
Foi a crítica em vez do amparo.
Foi a desilusão com o ser humano e o mundo de então.
Foi a culpa que lhe incutiram como se o mundo dependesse apenas dos seus actos e estes sofressem de uma doença apelidada de “erranite crónica”.
Foi a ausência de carinho que substituíram por palavras desrespeitosas, envolvidas de uma agressividade inimaginável.
Foi a dor da solidão.
Foi a falta de amor.
Tudo isto levou-o ao limite e impediu-o de dizer: Não farei mal a mim próprio, porque eu tenho valor!
Ai quem me dera que o STOP do TEMPO tivesse sido em 28 DE ABRIL DE 2002!
Inexistiria o dia seguinte.
E eu faria tudo diferente.
Também eu sofro de “erranite crónica”.
ENTRELAÇARÍAMOS AS MÃOS: A UNIÃO FAZ A FORÇA.
O FINAL?
SERIA DIFERENTE.
SEM DÚVIDA, FELIZ.
Autora: Lurdes Mesquita Babo
Autora: Lurdes Mesquita Babo
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