As tuas lágrimas

Nas tuas lágrimas vejo o espelhamento das minhas.
Porque se tu choras eu pranteio contigo.
Nas tuas lágrimas vejo a infinita tristeza que as faz brotar.
Somos siameses nessa tristeza.
Nas tuas lágrimas eu sinto o impulso que me faz abraçar-te.
Nesse abraço quero tanto acalmar-te.
Nas tuas lágrimas vejo o teu peito soluçar dor.
Eu dou-te de beber e essa dor esfumar-se-á.
Nas tuas lágrimas vejo a arritmia do teu coração.
Nós fazemos respiração yoga para a acalmar.
Nas tuas lágrimas vejo o sufoco por não conseguires desabafar.
Eu abro os meus ouvidos e fecho os meus olhos para poderes falar.
Nas tuas lágrimas vejo a tua solidão.
Tens-me a mim e ao mundo por companhia.
Nas tuas lágrimas vejo o cansaço do teu rosto.
Eu vou trabalhar contigo.
Nas tuas lágrimas vejo os pecados que cometeste.
Vamos ambos para o Inferno.
Nas tuas lágrimas vejo que outrora já foste feliz. 
Deixa-me enxugá-las e vem ser feliz outra vez!
Nas tuas lágrimas vejo o teu olhar em erupção.
Dá-me a tua mão e corramos para fugir da lava.
Nas tuas lágrimas vejo o quanto desejas o meu colo.
Vem, vem devagarinho.
Vem, vem ficar bem juntinho.
Encosta o teu corpo ao meu.
Deita a cabeça sobre o meu ombro.
Agora sim, sinto as tuas lágrimas caindo-me roupa e corpo abaixo.
Choremos os dois.
Porque estas são as nossas lágrimas

Autora: Lurdes Mesquita Babo

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