VIDA



O mar, que avisto ao fundo do areal, funde-se com a gente.
Tem ocasiões de acalmia, quando aparenta ser um lago, plenas de serenidade tal como as têm as pessoas.
Para as gentes do meu Planeta, também há horas e dias assim. 
Uns, em que o nosso peito bate ao ritmo deste mar, onde quase não se ouve o nosso respirar e o nosso batimento cardíaco. 
Chamemos-lhe o mar de baixa frequência.
Depois tem horas, dias, em que todo ele é desespero.
É ver as suas ondas enrolar, revoltarem-se e desenrolarem dor, batendo forte na areia.
Connosco é igual. 
Também há momentos em que o nosso coração parece querer saltar-nos do peito, tal é a dimensão da nossa desesperança.
Chamemos-lhe, então, os dias de alta frequência.
Dói-nos por demais o peito, seja de tristeza, desilusão, cansaço, ingratidão, revolta. 
Então levamos as nossas mãos ao peito - como que querendo evitar que o coração salte - e segurámo-lo com tamanha força, ao ponto de nele ficarem gravados os nossos dedos. 
São estas semelhanças que, inconscientemente, nos fazem correr para o mar e dele desfrutar.
Nós e ele criamos uma espécie de habitat, composto por espécimes diferentes, mas que se identificam no seu sentir e na forma como o expressam. 
No fundo, é tudo gente que ama o mar.
E o mar, q.b. generoso, oferece-se na sua plenitude.
Isto é a vida da gente.
Isto é a vida do mar.
Isto é: VIDA. 


Autora: Lurdes Mesquita Babo

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