Nós

Eu e tu demos o nó.
Eu e tu passamos a ser nós.
Eu e tu demos nós.
Eu e tu desatamos nós.
Eu e tu fundimo-nos,
cruzando os nossos corpos,
gerando vida.
Eu e tu amamo-nos.
Nós estabelecemos um pré-nó,
prenúncio do nó que demos.
O muro da nossa vida, agora em ruína,
fomos nós quem o erguemos. 
Sobrepusemos as pedras do amor, do respeito
da cumplicidade, da paciência
da alegria, da paixão, da atenção
do sexo e do carinho.
E fizemos um muro tão belo e, aparentemente, tão sólido!
E foi tão bom!
E fomos tão felizes!
Depois veio a rotina e o muro que eu e tu edificámos,
foi-se degradando, dia após dia, por força daquela velha bruxa má.
Ela veio de mansinho – e durante muito tempo – surripiou
pedra atrás de pedra.
Deixa-me acreditar que o muro se vai reerguer.
Que o nó se vai reatar. 
Deixa.


Texto de autoria de Lurdes Mesquita Babo.

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