O Jardim de minha casa

O jardim da minha casa é especial.
É um autêntico jardim zoológico. 
E é especial, ou não fosse ele, o da minha casa.
Não tem muros. 
Não tem redes. 
Não se paga para entrar.
Há animais que vivem lá o ano todo, a começar por o elemento mais novo -um cão- que dá pelo nome de Perei(a)rinha.
Não pode ver comida, ladra que se farta. 
Quantas vezes dou por mim a pensar:será que veio substituir as campainhas que antigamente anunciavam as horas das refeições? Outras penso: se no mundo canino não será ele um verdadeiro tenor, dado o seu possante ladrar.
Adora mãos e pés. 
Mas aí a culpa é minha, confesso. Porque falo pelos cotovelos, razão pela qual me confunde com uma galinha. Confundindo, por isso, os meus pés e as minhas mãos com as patas delas. 
Mas também qual é a mulher que não tem um pouco de galinha? Seja quando fala, seja quando sai com as amigas e ficam (co)histéricas, seja por ser mãe galinha.
Pereirinha é um duplo animal. 
Não acreditam? 
É verdade. 
É o cão-macaco, assim apelidado devido a vários factores que o tornam, em parte, parecido com o símio. Como o formato da sua cabeça e a elasticidade de movimentos. Assim, também temos um monkey naquele jardim.
É vê-lo dentro da própria casa saltar sofás, cadeiras, como se se tratasse de uma verdadeira corrida de obstáculos.   
Óbvio que este Pereirinha, ágil e possante, é uma dor de cabeça permanente. Levá-lo a passear exige esforço, porque devagar não quer andar. Tornou-se necessário alguém capaz de o segurar. Esta função só podia ser executada pelo meu marido, o Panda, do jardim zoológico lá de casa. Porque, como li algures, o Panda é um animal forte com imparável determinação que oferece poderoso suporte àqueles que como o Pereirinha dele necessitam.
Depois, momentos há em que ele, qual cavalheiro, oferece-me as patas para me conceder uma dança. 
E que bem que dança e rodopia!
E o tempo que aguenta! 
Mas o prazer - da dança – ah, esse é todo meu.


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