Somos todos obrigados a crescer


Pode entrar. 
Marta obedeceu. Abriu a porta do escritório e manteve-se circunspecta olhando para o patrão.
Guimarães o levantou os olhos da secretária. Mas quando o fez, emudeceu.
Ouvia-se o ritmo da sua respiração, em jeito de afliçãoaumentar. Mesmo vazio de coragem, exclamou:
- Diga Marta, diga!
- Chefe, a polícia está aqui e não veio sozinha. 
Guimarães deixou-se cair sobre a secretária e desabafou:
Não acreditoQue merda! E agora?
- Calma, Chefe. Nós sabíamos que isto ia acontecer. Só não sabíamos quando, não era?
Outra vez! O mesmo filme do meu pai,MartaMerda de vida.
Sr. Guimarães, não é só aqui, é pelo País todo. Aliás, pelo Mundo. A culpa não é sua. 
Quero lá saber, MartaNós é que vamos sofrer. Eu, a minha família, a Marta e os seus Colegas.- continuava desabafando.Balanceava energicamente a cabeça,dizendo que não. Pensava como tal lhe havia acontecido. Logo a ele, porra!
- Chefe, tem de ser.- disse-lhe Marta.
- Já vou. Não me enerve maisMelhor, mande-os entrar.
Marta, como sempre, obedeceu.
- Bom dia, Sr. Guimarães, Polícia de Segurança Pública. Estamos aqui acompanhados da Sra. Agente de Execução,a qual vefazer a penhora do seu estabelecimento comercial. Apresentamos-lhe a Dra. Maria Trevo.
Guimarães levantou a cabeça e perguntou:
Sim, Dra.?
E ela começou o seu manancial:
- Estou aqui, por ordem do Tribunal, para efectivar a penhora com remoção dos seusbens.
- O quê? Com remoção? Dra., assim não podemos continuar a laborar.
O Sr. tem como liquidar a dívida? 
- Eu? Se tivesse vocês não estariam aqui.
- Assim sendo, vou dar início à diligência.
Guimarães, impotente, levantou-se.
Incrédulo, encostou-se
Quanta dor! Tantos anos de trabalho porta fora.

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