Ai se não mudava nada… Mudava era tudo!
Maria, sentada numa esplanada, sorvendo os raios de sol de um dia de Inverno, fugia da vida.
Talvez o sol lhe estivesse a dar a volta à cabeça…
Falava sozinha, mas num tom bem audível:
- Se eu soubesse o que sei hoje, não mudava nada na minha vida!
Santa ingenuidade!
Isto era o que eu dizia, antes de entrar nos trinta.
Mas com trinta anos de idade, toda a esfera de pensamento se agita e, acima de tudo, muda.
Ó, se muda! Então o pensamento feminino...
Louca e desenfreada correria para estudar!
E as sobras desse tempo? Essas foram consumidas pelas actividades extracurriculares.
E as sobras, (não sobrantes), para ser uma das melhores nos estudos?
E os tempos da faculdade sem elas?
Olho para trás e nem sequer avisto onde ficou o tempo das brincadeiras, dos afectos, das amizades.
Ainda por cima, sou estúpida! Fui escolher uma profissão liberal... Daquelas com prazos, para ontem e todos os dias.
São dezoito horas e trinta minutos.
Marta, venha cá, já! Leve as chaves do meu carro e vá ao Colégio, a correr, buscar-me a menina.
Coitada, é a última a sair! Outra vez? Não, sempre.
Fique em casa com ela, por favor.
Marta saiu, deixando-a só, em obediência à pontualidade britânica do seu horário.
- Olá querida, tudo bem?
- Sim, mãe. Não vens para casa?
- É só mais um bocadinho, amor. Tens medo?
- Sim!
- Não tenhas, o pai já está a chegar.
- Está bem.
- Até já, meu anjo.
Sinto-me a pior mãe do mundo! Sinto-me a pior profissional! Sinto-me uma horrenda mulher!
Ai se não mudava nada… Mudava era tudo!
Pena que só conheça este ensinamento aos trinta.
E agora? Conto ao meu anjo estas verdades ou deixo-o assim, literalmente a perder tempo de vida?
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