Ah, esse Monstro!

- Para o melhor e para o pior, foi ou não foi?- questionou-a Carlos, segurando-lhe vigorosamente a face entre as mãos.
- Foi! Mas agora eu não quero!- disse-lhe Lia.
- Não és tu que tens que querer. A vida é minha.
- E o problema é meu. É a mim que diz respeito. Eu devo saber o que fazer com ele e com a minha vida.
- Que sentido tinha a nossa separação agora, Lia? Explica-me.
- Cada um de nós segue com a sua vida, sem ter de suportar os problemas do outro. Isso não é motivo suficiente?- perguntou-lhe.
- Não, não é.
- É a tua opinião. 
- Não te entendo, Lia!- desabafou Carlos.
- Não é para entender, é para ser!- disse-lhe Lia, em modo sério.
- Pára, estás nervosa! Sei teres motivos para assim estares. Mas também sei o quanto me amas.
- Carlos, é de amor que eu tenho estado a falar. Como podes não entender? Querer libertar-te de problemas, querer que vivas tranquilo, isso que mais é senão um verdadeiro acto de amor?
- Egoísmo! Estás a ser egoísta ao não me deixares partilhar este momento da tua vida. - argumentou Carlos.
- Egoísta, eu? Ao evitar-te uma vida de sofrimento, Carlos? Ora, bolas!
- Lia, eu adoro-te. Jamais te deixaria sozinha num momento como este.
- Mas eu não quero a tua companhia.- respondeu-lhe, friamente, Lia.
- Queres, queres. Só que com o choque, pensas que não.
- O que eu não aguentaria, era ver pena no teu olhar. Quero recordar-me de ti e do nosso amor em tempos sadios.
- Lia, recuso-me a que o cancro queira acabar com a tua vida e com o nosso amor. Não serei seu aliado, nunca!
- O cancro não precisa de aliados, basta-se sozinho.

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