É que não me apetece nada!


- É que não me apetece nada irVou dizer que não posso. Só ter que me arranjar...
- Lá estás tu! És sempre a mesma. 
Mãe, não tenho mesmo vontade. Acredita!
- Dizes sempre isso, Matilde. Depois vais e chegas feliz. Vá lá, põe-te ainda mais bonita. Não aceito um não
Tu consegues ser pior que a Maria. E olha que ela já me maça que baste!

Matilde resmungou mas fez a vontade à Mãe, que no fundo era também a sua.

- Que linda que estás, filha! – disse-lhe a Mãe enchendo-a de beijos.
Pára, Mãe! Estragas-me a maquilhagem e o cabelo.
A Mãe sorriu. Como sempre tinha razão. Matilde adornou-se e foi o suficiente para logo ficar entusiasmada com o jantar.

- Mãe, este é o Afonso de quem te falei e que conheci no jantar de aniversário da Maria.
- (Sei bem, não falas noutra coisa desde aí.); Muito prazer, Mariana.

A partir desse dia, Mariana tornou-se confidente da filha: Mãe, ele é especial, tão diferente de todos os rapazes que já conheci. Mãe, ele é tão meigo e confiável! Mãe, vou jantar com o Afonso. Mãe, olha presente que o Afonso me deu, é tão querido!

Afonso era o tema exclusivo de conversa naquela casaMariana não se importavaAcima de tudo só queria ver a filha feliz, como qualquer mãe
quão feliz Matilde andava
Transbordava felicidade. Tinha para dar e redistribuir

Mãe, vou passar o fim-de-semana com o Afonso. Vou conhecer a sua casa. Estou tão entusiasmada. 

E foi.
Aí chegados entraram fogosos, beijando-se como se não houvesse amanhã. 
E não havia.
Lá dentro, regressada mais cedo de uma viagem de trabalho, a mulher de Afonso. Casada, com contrato de casamento firmado há cinco anos e aliança no dedo.




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