O Reencontro

Quando vi que eras tu, 
duvidei da clareza da minha percepção.
Duvidei se o que sentíamos era saudade, 
amor ou paixão (ou nada disso).
Duvidei mais ainda da razão do teu regresso.

Quando vi que eras tu, estremeci.
Porque imaginei voltar a perder-me no aconchego do teu corpo.
Porque imaginei voltar a encontrar-me no conforto do teu abraço.
Porque fantasiei o reencontro perfeito dos nossos lábios.
Porque revi os nossos corpos em concha enrolados nos lençóis de seda.

Mas preocupar-me para quê, se tu voltaste?
Se sozinho encontraste o caminho de volta para casa,
se vieste em plena liberdade, 
pleno de felicidade,
pronto para a reconciliação.

Olho para ti e é como se te visse nu ao espelho, 
tamanha é a tua transparência.
Os teus olhos não mentem (nem os meus).
O meu coração reentra em arritmia, só de te ver.
Há coisas que nem o tempo tem força para mudar.

Mas quando vi mesmo que eras tu regozijei.
Porque sempre tornas as palavras doces, 
tão doces que caramelizam os meus pensamentos.
Porque distribuis sorrisos em permanência, 
contagiando e transformando carrancudas faces como a minha.

Quando vi mesmo que eras tu sosseguei.
Porque sempre trouxeste dias de acalmia à minha vida.
Porque vieste envolto em manto de luz que, generosamente, 
distribuíste pelas minhas noites, 
iluminando-me. 

O teu coração fervilha de amor e salpica, 
em modo de preenchimento, 
todos os espaços por onde passas.
E eu sinto-me tão contagiada por ele,
que quero sorvê-lo até à última gota.

Constato que para ti não existe passado
e que o futuro é uma auto-estrada sem portagens. 
Olha para mim,
sei que duvidei outra vez de nós,
mas agora estou de braços abertos. 

Encaixa-te em mim,
que eu encaixo-me em ti,
Nós, um só,
para sempre.






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