A Vida é bela


Heitor olhou e deslumbrou-se com a beleza daquela cachoeira. Quanto deleite para os seus olhos! Que sinfonia para os seus ouvidos! 
A vida é mesmo danada! Tanto tinha praguejado com o seu GPS, por estar completamente marado, e vejam onde o levou! 
Naquele dia, Heitor estava com pressa de fim de férias, por isso, desesperou com aquelas erróneas indicações. Dentro do seu anafado carro, stress a escorrer-lhe pelos poros, tomou a decisão dele sair: seria um asno se não o fizesse e faria infeliz a criançada. Os miúdos, assim que viram a cascata, logo clamaram por se banharem naquelas límpidas águas. 
Heitor sentou-se a observar. 
Rapidamente concluiu pela inexistência de uma melodia como aquela. Era composta pelos sons da queda de água e do vento, pelo chilrear dos pássaros e pelo riso de felicidade da pequenada. Uma harmonia capaz de fazer corar Vivaldi ou Beethoven.
- E porque não juntar-lhe mais um instrumento? - questionou Heitor. 
Se melhor o pensou, mais rápido o fez: despiu-se e atirou-se. De imediato, o riso alegre dos miúdos passou a estridente ao verem-no e ao ouvirem os seus queixumes sobre a temperatura da água. Contudo, não deixava de ser uma bela música, agora apenas modulada na sua tonalidade.
Era o último dia de férias de veraneio. Contrariamente ao esperado, o melhor, o mais inesperado e surpreendente. Tudo porque Heitor deixou-se mergulhar no desconhecido. Um mergulho que lhe preencheu o coração. Mas, tudo o que é bom, não é eterno. Era chegada a hora de reunir as tropas e fazer a viagem de regresso ao lar. Trupe reunida, de novo sentado ao volante do seu automóvel, Heitor moldou o seu corpo ao habitáculo, fixou o GPS e sorriu. Então, as emoções de um verdadeiro adepto, invadiram-no perante o resultado do combate:  natureza (1) tecnologia (0). 



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