Retrato de Mulher

No passeio - uma criança - saltita com a mochila às costas. Os cabelos compridos esvoaçam. O sorriso é rasgado. A roupa é feita de sujidade, o feitio de despreocupação. Doa felicidade. Exala liberdade. 
Regozijo só de ver.
À sua frente, uma adolescente. Veste calças de ganga justas, de cinta baixa e enverga um top que  revela o desenho dos seus mamilos. Os seus passos têm uma cadência rítmica, a mesma com que bailam as suas madeixas. No seu olhar júbilo e crença. O coração trespassa-lhe o peito. 
Quão doce é esta juventude!                          
Depois desta, uma jovem mulher. Pasta na mão e aliança cintilante. Segue em marcha apressada na sua lufa-lufa. No seu peito, amor para dar e vender. Nos seus olhos a ilustração dos seus inúmeros planos. 
A vida é bela: viver para crer.
Adiante - uma grávida - mima o seu ventre. Sente-se no ar a responsabilidade de quem porá um ser humano no universo. Na expressão facial pinta um sorriso de um verde tamanho de esperança; no seu íntimo transborda um imenso bem-querer. 
Só temos de lhe agradecer.
Em seguida, uma mulher-feita. Algumas melenas cor de nuvem; na face, vincos feitos de aprendizagem. Coração minguante. O seu andamento é cadenciado. Pesam-lhe as preocupações e as exigências da vida. Assusta-a a rotação dos segundos. Ainda assim sorri; ainda assim saboreia viver.
Temos de aprender com o seu saber. 
Vem, por último, uma anciã. Dorso em forma de curvatura. Cabelos cor de sal. Anilha dupla no dedo. Em cada perna meio século de idade. Vem devagar, devagarinho; sua passada é ao ritmo do peso da sua existência. Tem boca pequena e, preenchido de experiência, um sorriso açucarado.
É tão bom de ver!  
Respect!


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