Formas de Amar

  

Maria: miúda simples, alegre. 

Quinze anos de idade. 

Alta, esbelta, olhos verdes, sorriso demolidor.  

Idade de adolescente, aparência de mulher. 

O coração - do tamanho do universo. Um quarto dele, feito de amizade; o restante recheado de amor. 

Jovem apaixonada, vivendo de modo intenso a sua primeira paixão. Correspondida, por sinal - por um namorado, completamente enfeitiçado. Mas, ciumento e possessivo, por demais!

Era um amor típico da juventude, ávido de desejo de perfeição. Diziam ser efeito das adolescentes hormonas, altura em que tudo é vivido com uma enorme intensidade, em que nada é feito pela metade! Apesar dos pesares, Rui cansava-a com as suas permanentes dúvidas: perguntando-lhe, vezes sem conta, se ela o amava. Ela, imbuída pelo jovem espírito do amor, propôs-lhe para acabar com aquela insegurança, tatuar na parede do seu quarto uma inscrição dizendo: Eu te Amo”. Foram imensas as horas que passaram naquele espaço. Chamavam-lhe o aposento do conhecimento - local de aprendizagem, sensualidade e erotismo. Mas, ainda que sofrer de amores na adolescência custe horrores, quando o relógio gira, crescer é inevitável E, muitas vezes, a fatalidade acontece: o crescimento leva-nos por caminhos diferentes - foi o que sucedeu com Rui e Maria. Ela fez a viragem para a vida adulta e muitos outros Ruis” apareceram na sua vida e conheceram o seu dormitório. Por cada um deles, como curativo daquelas inseguranças, Maria tatuava – sempre - a mesma inscrição naquela parede. 

Aos trinta anos, Maria tinha como namorado João. Cedo lhe confidenciou esta história. Ele, sempre que a visitava, esperava que ela tatuasse naquela parede o seu amor por ele. Mas os dias sucediam-se – e nada! Esta demora intrigava-o. Até que, um dia, depois de longas horas de mútuas dádivas de amor, Maria levantou-se e decidiu-se por escrever naquele mural:

- Queres casar comigo?

Comentários

Mensagens populares