Valeu e Bale!

Sei que tu estás aí para mim, mesmo quando não nos vemos.

A cada reencontro o abraço é tão forte e sentido, como se nunca nos separássemos.

É um entrelaçar de braços que vem acompanhado de sonoros beijos, gargalhadas, desabafos e aconchegos.

E o meu coração fica cheio.

E a minha tristeza desvanece-se.

Sei que vós estais aí para mim, ainda que uma vez por mês, pernas debaixo da mesa e uma refeição à frente.

Basta avistarmo-nos que logo os braços esvoaçam de alegria.

Saltamos como crianças, quais quatro loucas acabadas de sair do hospício.

No caminhar que aproxima os nossos esqueletos, risadas de volume alto (e palavrões) soltam-se.

É o som de um reencontro feliz.

Trocamos longos abraços, beijos, ternura, que damos e dividimos desde a adolescência.

E o meu coração transborda.

Preenchendo-se, assim, um pouco o vazio da minha vida.

E quando falto, por imposição da vida ou do meu alterado estado de consciência, registo a falta a vermelho, da cor das lágrimas que brotam do meu órgão vital.

Mancham-me ainda o rosto, quando penso por que caminhos outros andarão. Aqueles que comigo partilharam, em tempos idos, vivências, confidências, brincadeiras, tropelias.

Alguns cruzam-se comigo na rua, no local de trabalho – posto mais considerado de que aquele que escolhi seguir – e que esforço fazem para fingirem que não me conhecem.

Por estes, o meu coração não chora.

Por eles, o meu coração ri do ridículo.

Mas também por eles, o meu coração não se arrepende do passado.

Tudo tem o seu tempo e o seu lugar.

Na altura foi o da partilha e da convivência.

Hoje é o tempo da indiferença e da ausência.

Assim seja.

O quociente de meia dúzia que restou faz a vida valer.

Valeu mesmo.

Bale, como se diz – orgulhosamente - por cá. 

Texto de autoria de Lurdes Mesquita Babo