E se a máscara caísse?
E se ninguém conseguisse
mentir?
Dou por mim a pensar no
assunto e surge-me, de imediato, a resposta óbvia: o mundo seria bem melhor.
Atenção eu disse – melhor – não disse mais fácil.
É certo que a falsidade
acabaria.
Acabaria a coscuvilhice, a
beatice, mas aumentaria, na mesma proporção, o factor surpresa.
Inicialmente desfilariam
surpresas ao ritmo das revelações de cada pessoa. Porque bem dentro do nosso âmago
nós sabemos que, de facto, não conhecemos – verdadeiramente - ninguém. Seja por
defeito, seja por instinto ou auto-defesa, as pessoas colocam-se por baixo de uma
máscara, na qual escondem o que, na realidade, são.
Já nos dias de hoje quando a
deixam cair, aqui e ali, a nossa estrutura emocional abana como se de um
terramoto se tratasse.
Por vezes, estranha-se e
depois entranha-se.
Outras vezes, colocamos um
ponto final parágrafo ou reticências.
Penso que, neste case study, a nossa reacção seria
idêntica.
Mas depois dou por mim
cogitando sobre quem poderia passar a dormir descansado. Vem-me à memória os doutores
juízes porque deixariam de ser enganados pelas partes, pelas testemunhas e pelo
seu ego gigantesco - que tanta vez os ofusca - tornando-se desnecessário em
face da verdade.
Deixariam eles de serem precisos?!
Talvez não.
Porque não?!
Afinal a lide não teria uma versão
única: a verdadeira?
Versão sim. E as
interpretações desta que surgiriam de tantas cabeças pensantes?! Só de
imaginar...
A verdade é o espelho; a interpretação
desta é aquilo que cada um de nós vê no que ele reflecte.
E o olhar de cada um de nós é tão nosso,
tão subjectivo.
Resumindo: eliminaríamos a
mentira, mas não a interpretação da verdade, nem a subjectividade inerente a esta.
Assim, a verdade seria
sempre substituída pelo subjectivismo que cada um de nós lhe emprestaria, convertendo-a
numa espécie de (in)verdade.
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