O meu "Prozac" de sexta-feira à noite.
Tomei-o
no Teatro Circo de Braga.
Quem
me deu a toma foi o Ser Humano maravilhoso que gerei. Sempre tão generosa e preocupada
comigo. Veio de Lisboa “a correr” depois de mais uma semana louca de trabalho e
imprevistos.
Só para
me fazer feliz.
A
actuação estava a cargo da “Rui Massena
Band.”
Nós
formávamos um quarteto especial só para a ver.
A
beleza do palco e a disposição dos instrumentos musicais fazia jus àquele
magnífico teatro.
Ouvia-se
o silêncio absoluto.
Sentia-se
o respeito absoluto.
Simplicidade
e profundidade eram as palavras de ordem que ecoavam dentro de nós.
O espectáculo
começa numa cadência tão baixa quanto as luzes daquele secular teatro. Começou
ao ritmo da Paz.
Então,
aquelas notas musicais, entravam-me corpo adentro, transportando consigo acalmia
para a minha infinita ansiedade.
Depois
seguiram em crescendo.
E em
crescendo fui também sentindo, no meu íntimo, o sossego da minha alma e do meu
coração.
O
que tenho vivenciado de sofrimento nos últimos tempos esfumou-se à medida das
interpretações da banda, dos “bravos” e
“aplausos” que o auditório tão justamente lhe concedia.
Rui
pouco falou.
O
momento era para o magnífico dedilhar no piano e para as demais brilhantes
actuações dos talentosos músicos da sua banda.
Mas
o que falou ultrapassou as fronteiras deste Planeta.
Teve
tempo, no meio do seu brilhantismo, para se lembrar da amizade, porque dedicou
uma música a uma amiga.
Falou
de amabilidade, sensibilidade e agradecimento. Palavras tão esquecidas nos dias
de hoje.
E de
quando em vez – no meio da tomada daquele anti-depressivo – ouvia-se naquele belíssimo
espectáculo:
“I
have a dream”; “I have a dream”(…).
Sabe,
Rui?
- Eu
também já tive sonhos. É certo que a minha idade avança. Mas eu continuo a ter
sonhos.
E a
sua (vossa) música aliada às suas parcas palavras - mas tão sentidas - fez-me
acreditar que são possíveis de realizar.
A
partir dessa noite decidi então meter mãos à obra.
A
partir de agora acredito que é possível.
Para
começar, vou pensar e cuidar mais de mim.
Vou
correr atrás dos meus sonhos feita louca desenfreada, o que nunca fiz na vida,
porque vivi sempre para e em função dos outros. E salvo raras, raríssimas
excepções, ninguém está aí para mim.
E um
dia quem sabe, como já antes sucedeu, vou cruzar-me consigo nas ruas e locais
belíssimos da nossa amada cidade do Porto. E, desta vez, dir-lhe-ei:
-
Obrigada.
E quando
me ouvir agradecer lembre-se apenas que, no dia 26 de janeiro de 2018, eu era aquela
espectadora mulher que “had dreams” e
que assistiu ao concerto da sua banda no Teatro Circo de Braga. Era eu aquela espectadora que bebeu cada uma das notas musicais com que nos
maravilharam e que representaram para mim, o exemplo de como, com a força necessária,
conseguirei concretizar os meus sonhos.
Tão
exclusivos meus.
Mas –
meus - de pleno direito.
Parabéns pela sua poesia. Emocionei-me ao lê-la.
ResponderEliminarTão bonita descrição daquela noite. Tão bonita a sua generosidade em partilhar o despertar os sonhos que já residiam em si, e que acordaram com a energia sublime de "Rui Massena Band"e as suas vibrações musicais.
Estive lá também nessa noite. Nunca tenho palavras para descrever o que sinto e o que viajo. Entro numa dimensão em que não há mais nada a não ser sensações. Mesmo nessa noite a canção "Meditação" levou-me a um sitio onde precisava muito estar, nem sabia que esse sitio existia, nunca lá tinha estado, foi um balsamo para alma.
Já assisti a vários concertos e nunca nada é igual. Sente-se, descobre-se...sempre algo.
Gratidião plena!