As aparências
Era um jovem descobridor, na época da adolescência.
Aventureiro, divertido.
Um líder nato!
Naquele dia convidou os amigos a percorrer um trajecto de vinte quilómetros, ida e volta, demorando trinta minutos de automóvel.
Só que, desta feita, iriam a pé.
Os amigos não lhe chamaram louco, não por falta de vontade.
Embora estranhassem que o fizesse apenas para ver uma moçoila que navegava no mesmo mar. Mas amigos que são amigos não perguntam. Only, follow the leader. O que eles não sabiam, é que o líder cumpria uma jura de amor.
Embora estranhassem que o fizesse apenas para ver uma moçoila que navegava no mesmo mar. Mas amigos que são amigos não perguntam. Only, follow the leader. O que eles não sabiam, é que o líder cumpria uma jura de amor.
Por Ti faço tudo. Venho a pé da minha terra à tua e trago os meus amigos comigo.
E se melhor o prometeu, melhor o fez.
Eram para aí uns seis.
Chegaram ao anoitecer.
Vinham queixosos, mas divertidos.
Ela, feliz, na varanda com a mãe.
Eles no passeio.
Elas falando do alto; eles falando para cima.
Imaginaram que seria mais fácil. Só que não. Estavam todos partidos.
Isto de fazer caminhadas a pé, sem preparação, não é fácil, não! E ainda faltava o regresso.
Animados com a conversa nem deram pela noite assentar, nem pelo levantar do vento. O que fez com que um grande saco se fizesse ouvir e assumisse a forma de algo monstruoso!
Que assustador era para aqueles jovens!
Elas riam-se.
Eles cogitavam: deve ser um corpo. Alguém que mataram e esconderam ali.
A mãe, com a experiência da vida, desafiou-os, dizendo-lhes para irem lá ver.
Ui, isso é que não!
Ocasião em que a mãe coragem desceu e, aproximando-se do saco, levantou-o e exibiu-o, mostrando que para além do volume, nada mais tinha.
Elas perdidas de riso; eles envergonhados e feridos na sua masculinidade.
E aprendendo a lição de que as aparências, aparudem.
E a coragem dele, afinal, também era só aparente?
- questionou, interiormente, a jovem.
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