São dias

Naquele dia sentia o ar a percorrer as suas vias respiratórias. 
Era um sentir em modo de acalmia. 
Quando isto sucedia, a Paz invadia-a.
E como era bom estar em paz!
Quanta felicidade respirar tranquilidade!
Em dias assim, nem a chuva batendo forte na vidraça a impedia de ver o sol que tanto a apaixonava. 
Nem o dilúvio fazia dela um mar agitado.
Antes apreciava as coisas simples da vida, como a companhia do seu animal de estimação.
Mas tudo isto era naquele dia, porque hoje não era assim
O sofrimento voltara.
Doía-lhe os ossos até às entranhas.
A sua disposição era cinzenta escura como o céu lá fora. 
E o ar gelado não passava pelo seu aparelho respiratório. 
A ansiedade, essa sim, preenchia-lhe a alma. 
A solidão era, outra vez, a sua companhia. 
Estava viva sem o sentir e sem o saber.
Raios de dia!
Autêntica montanha russa. Divertimento que nunca lhe caiu no goto. E mesmo sem gostar, mesmo sem querer, agora não havia dia em que nele não tivesse de viajar.
Estava zonza destas viagens. Sonhava com o dia em que viajaria numa auto-estrada, onde o trânsito fluía. 
Mas não via quando, nem como. 
Até porque este processo, com os seus altos e baixos, é parte integrante daquilo a que se costuma chamar Vida. E esta tem de ser vivida, todos os dias.


Comentários

Mensagens populares