Quando for capaz


Quando for capaz, quero aceitar-te.
Quando for capaz, quero compreender-te.
Quando for capaz, quero perceber-te.
Quando for capaz, quero perdoar-te.

Mas só quando for capaz.

Enquanto não o sou, 
ofereço-te um espelho,
para que vejas o que o teu íntimo filtrou
e dês uma hipótese a esse fedelho.

É meu o desejo que compreendas
porque a tua inteligência esbanjas,
em jogadas de manipulação, 
onde um qualquer ser humano vira peão.

Quando for capaz, quero que percebas
que esta não é a estrada,
porque o amor não tem um sentido apenas
e que o teu jogo de xadrez acaba em zuada.

Mas só quando for capaz. 

Porque hoje não o sou.
Porque hoje não te entendo.
Porque hoje o teu egoísmo enfurece-me.
Porque hoje a tua arrogância fere-me.

Quando for capaz, quero demonstrar 
que existe mundo para além de ti,
que amor de Mãe não é de se rejeitar,
nem digas que não te adverti.

Mas só quando for capaz.

Porque não compreendo 
as frentes de batalha que lês,
sem sequer delas querendo
a bandeira de paz ergueres.

Estou tão cansada, agora não me sinto capaz.

Quando  me sentir capaz, quero por às claras
que se seguires em diante,
também adiante, 
do teu próprio veneno provarás. 

Os seres humanos imitam comportamentos,
o tempo esfuma-se em momentos,
mas os modelos imitados
jamais são olvidados. 

Quando for capaz, mostrar-te-ei as baixas 
que o teu narcisismo provoca.
Quando for capaz, verás que para se receber
tem também que se agradecer.

E tu não te dás, 
nunca o farás.
De ti, só conheço 
o teu grau de exigência onde tropeço.

Por isso, não me sinto capaz.

Um dia, quiçá,
se o teu super-ego nos permitir, 
eu poderei ser capaz,
tenho de admitir. 

E quando acontecer,
vou ceder,
vou compreender-te,
vou aceitar-te.

Talvez dê tempo de ser capaz.

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