Como assim?



Joana dirigiu-se à Feira das Viagens. Contudo, ao ver a imensidão de pessoas à sua frente para entrar, foi invadida por uma sensação de arrependimento. Desviou a sua atenção para a publicidade exterior, respirou fundo e decidiu aguardar. Sabia que, lá dentro, encontraria uma montanha de oportunidades para marcar umas férias memoráveis. À sua frente, na fila, estava  uma mulher. Ao início, não lhe deu importância. Mas, à medida que aquela, passo a passo se desenrolava, não pôde deixar de nela atentar. Raios, porque tanto a fixava e lhe sorria? Seria impressão sua? Não, não era. Aquele comportamento Irritava-a, a tal ponto que não resistiu perguntar-lhe:
- Posso ajudá-la?
- Não, querida.- respondeu-lhe a mulher.
- É impressão minha ou a senhora está a olhar fixamente para mim?
- Desculpe, menina. Não é por mal, acredite.
- Então porque é?- quis saber Joana.
- A menina faz-me tanto lembrar a minha falecida filha.- disse-lhe com um rio no olhar.
Joana não conseguiu disfarçar o incómodo que aquele desabafo lhe causou. Sentiu-se pequenina. A enigmática mulher percebeu-o e voltou-se. Joana sentiu-se aliviada. Que situação constrangedora!         Finalmente, chegara a sua vez de entrar. Já na Feira, Joana esqueceu o episódio. Correu todos os stands e viu em pormenor todas as propostas. Decidiu-se por um destino de praia, Varadero foi o eleito. Precisava tanto de descansar. Mas não sem dar um pulo a Havana, não podia descurar a oportunidade de conhecer a capital de Cuba. Embora faltassem largos meses só de pensar já se sentia a fervilhar.
No dia agendado, Joana acordou entusiasmada. Chegou ao aeroporto três horas mais cedo não fosse perder o avião. No momento do embarque alguém se virou e disse-lhe:
- Menina, lembra-se de mim? Vamos para o mesmo sitio, já vi. Importa-se de me chamar Mãe?
Joana mumificou.



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