Deixa a imaginação fluir

  

- Psst! Psst!

- (...).

- Psst! Vem cá!

- (...).

- Estás a fazer-te de difícil! Vá, vem lá!

- Não! 

- Porquê?

- Porque não quero!

- Teimosa! Estás aí há tanto tempo! 

- E daí?

- É pena! 

- Não acho!

- Mas é! Repara, tu aí nua e eu aqui coberta de tinta e de vontade de te vestir.

- Que ousadia!

- Que nada! Eu estou aqui sozinha, parada há anos! E tu também!

Olha para ti: amarelecida pelo passar do tempo. Bora divertir-nos as duas?

- Tem juízo! 

- Não sejas assim! Larga essa postura aristocrática! Voa até mim. Deita-te aqui na secretária. E diz-me o que preferes.

- Manter-me assim: limpinha!

- Tenho tanto para te oferecer! Queres um poema? Ou preferes uma descrição de um campo com flores? Ou um romance com o mar e o sol? Ou uma comédia que te deixe com um gigante sorriso?

- (...).

- Vá lá, não sejas assim! Segreda-me a tua preferência. Imagina: um belo poema em ti; tu repleta de flores belíssimas; o sol aquecendo-te e o mar beijando-te! Ou toda tu sorrindo? Diz lá que não gostavas! E tudo feito por mim!

- És uma sonhadora!

- Olha que não! Estou é cansada de nos ver aqui paradas, quando sei que juntas tanto de belo podíamos criar!

- Se a Ana te colocou aí na secretária quando naquele Natal te ofereceram de presente, é aí que te deves manter. Se ela me deixou aqui como presente do dia dos namorados, então este é o meu lugar! 

- A Ana não tem é tempo para nós! Há quanto tempo não se senta nesta secretária? Ou no velho cadeirão?

- A Ana trabalha muito.

- Por isso mesmo! Não podemos estar eternamente à espera dela.

 

 

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