Errar

             

O meu erro foi desconhecer a etimologia da palavra pois, quando sabemos o que está na origem, é muito mais fácil não derrapar no fim. Cometi-o em solidão e esqueci-me que é na partilha das imperfeições que nos tornamos mais humanos.

            

           Por isso,

           duvidei de ti

           enchi-me de certezas minhas,

           formei inúmeros juízos (infundados) de opinião.

           Mea culpa, mea culpa

 

           Sei que errei ao não colocar em prática o critério filosófico da verdade: então verbalizei o que não vi, olvidei a auto-crítica, fui cético e dogmático. Não me quis perder nos caminhos da busca da verdade, preferi a arte de pensar e criei suposições - de que as coisas eram exatamente o contrário do que efetivamente são. E assim incorri em erro: não sei se erro-vício ou erro-obstáculo mas, certamente, foi um erro essencial - capaz de invalidar um qualquer negócio jurídico, incluso aquele contrato que apelidam de casamento. Assumo: foi um erro repleto de ignorância, um erro absoluto, responsável pelo insucesso pelo qual me penitencio e responsabilizo.

 

         Mas e depois de o cometer, o que se deve fazer?


         Pedir perdão para sarar a ferida provocada num outro coração.

         Preparar-se para não ser perdoado.

         Não entrar em negação.

         Não ter pena de si mesmo.

         Não apontar culpados.

         Afagar a própria culpa.

         Assumir que perfeição não existe.

         Não temer o fracasso.

        Aceitar quem somos e como somos.

        Agarrar nas cinzas e delas renascer.

        Não desistir.

        Seguir adiante. 

        Ser tolerante:

                          porque errar é, acima de tudo, um eterno processo de aprendizagem.

       

 

         E afinal saberemos que nem tudo foi em vão.

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