Por detrás das lágrimas

 



- Porque estás triste, Maria? 

Maria escondeu a face com as mãos. João aproximou-se dela, agarrou-as e disse-lhe: não chores! Mas, para ela, isso era uma missão impossível. Ele afagou-lhe os cabelos e perguntou-lhe:

- Porque choras? 

Maria sufocava nas lágrimas que soltava. Era um choro com embarque na alma.

João, preocupado, dizia-lhe: 

- Podes-me contar, eu sou teu amigo, não digo à Lúcia. 

(Lúcia era a Educadora).

Maria abanava, vigorosamente, a cabeça –, não queria falar.

- Anda, Maria! Vamos fazer os trabalhos.

O que foste dizer, João! Maria descontrolou-se totalmente. Ele olhava, sorrateiramente, para a Educadora como que explicando que não tinha feito nada.

 João era doce, um coração de ouro. Nada o demoveria da tarefa de acalmar a amiga. Deu-lhe a mão e disse-lhe:

- Vem, vem comigo. Vamos fazer os trabalhos do Dia do Pai. Vão ficar giros! E o teu Pai vai gostar.

Maria gritou a plenos pulmões e afastou-o, violentamente, berrando:

- Eu não tenho Pai!

- Como não tens pai?  

- O meu pai morreu!

Morreu soou com um eco dolorosamente interminável.

João correu, abraçou-a e perguntou-lhe:

- Então o meu pai também vai morrer?

 Maria encolheu os ombros de ignorância. João, curioso, quis saber:

- E o teu pai onde está agora?

- Não sei. A mãe diz que ele é um anjo do céu e uma estrela. Eu não sei, nunca mais o vi. Tenho muitas saudades dele.

 - Porque não fazes um desenho de um anjo e de uma estrela? Se calhar o teu pai vai ver e vai gostar.

  - Achas? – perguntou-lhe Joana entusiasmada e secando as lágrimas.

João acenou afirmativamente.

À noite, João queixou-se de dores no coração. A mãe preocupada quis saber o que se passava e ele, aflito, perguntou-lhe se o pai ia morrer.








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