Por inteiro
Porque hei de eu escrever sobre o que me faz rir, se não me apetece.
Porque hei de eu escrever sobre o que me faz chorar, se também não me apetece.
Eu não sou bipolar para, irmãmente, dividir o meu riso e o meu choro.
Eu sou dias: de tudo e sou dias de nada.
Eu não gosto - recuso! - viver pela metade.
Eu faço o que me dá vontade.
Porque eu sou inteira.
Una.
Única.
Não sei se me conhecem, mas apresento-me: eu visto-me de saudade.
Eu sou o fado em carne viva.
Shiu!
Eu sou o silêncio que se exige para o poder cantar.
Eu sou a ausência do barulho dos passos que não ouves no vazio da rua.
Eu sou o verbo “entregar” que espera ser acolhido pelo verbo “receber”.
Eu rasgo o meu peito para nele te aconchegar e dele faço o teu porto de abrigo. E aí sim: podes rir ou chorar. Ou não! Tanto faz, desde que faças sempre o que te der na real gana.
Confesso-me: Meu Deus, como me fazes falta! (agora sim apetece-me chorar).
A tua imagem passa-me à frente, em sequência de frames. Vem-me à memória a alegria que sinto quanto te vejo chegar - os meus lábios afastam-se e os meus dentes, presunçosos, exibem-se. São os mesmos que se cerram quando te vêm partir.
Por ti: amo, espero, rio e choro.
Por ti: não sei fazer nada pela metade.
Porque tu também és:
Una.
Única.
Singular.
Inteira.
Tu és metade acrescida da minha metade.
Que posso eu ou quem quer que seja acrescentar?...Essa procura, essa insatisfação, são o Santo Graal da Humanidade...
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