AO NOSSO MELHOR AMIGO

Na senda das homenagens....

AO NOSSO MELHOR AMIGO

....Depois, perguntou-me, se eu me tinha despedido de ti.

E eu questionei-me se te tinha dito Adeus.

Ou a Deus?
Nem uma coisa, nem outra.
Porque não tive coragem. 
E fui egoísta a ponto de nem sequer pedir por ti a Ele.
Logo tu que escolheste como dia para partir, o dia do regresso das nossas férias. 
Sempre tão generosa, sempre tão preocupada connosco.
Sabias o quanto eu precisava de descansar e deixaste-me fazê-lo até ao fim.
Sabias o quanto me custaria ver-te partir, por isso não me escolheste para estar ao teu lado nesse momento. 
Ainda assim, a tua partida foi um terramoto para mim.

Ainda hoje vivo entre os seus imensos escombros. Tento removê-los, mas faltam-me as forças.

Têm sido imensas e dolorosas as partidas.

Tu sabes. Estiveste sempre ao meu lado - durante 16 anos - foste aquela quem mais me compreendeu, respeitou e amou. 

Sabes, mandam-me fotos de outros animais, insistem comigo para que veja outros, como se tu fosses, simplesmente substituível em apenas meia dúzia de meses da tua inexistência?!

Recuso-me.

Refugio-me, ainda mais, debaixo dos escombros. Aqui é onde me sinto bem, sem ti.

Não entendem que, ainda, oiço os teus passos e que a casa está impregnada do teu cheiro.

Não entendem a falta que me faz a tua falta.

Isto não é um desamor que se cura com um novo amor.

Ou vou também ver fotos de avós que possam substituir os meus?!

Ou de tios que possam substituir o meu ?!

Está tudo louco?!

Está.

A começar por mim.

Desculpa não te ter dito Adeus. Mas já não vou a tempo. Devia ter-te acompanhado até à tua última morada.

A Deus recomendo-te, se bem que Ele certamente já percebeu que tu és um anjo. Quem te conhecia, sabia-o logo um segundo depois.    

Texto da autoria de Lurdes Mesquita Babo