A Dor da Distância.

Como gostaria agora de a poder abraçar; contudo, ela está longe.
Está para lá das muitas fronteiras que irrompeu vida fora; porém, não está  sequer próxima de fronteira vizinha.
As fronteiras só dificultam os reencontros; se fosse eu a mandar eliminava-as.
Mas não mando; por isso, resta conformar-me com a sua existência.
Ela vai voltar a passá-las, não duvido; então, nessa altura, cá estarei eu à sua espera com um abraço do tamanho do mundo.
Do mesmo tamanho será o meu sorriso; mas nem por um dia que seja, enquanto ela não voltar, a minha boca se abrirá.
Sonho com esse dia; contudo, não posso afirmar quando regressará. 
Ela (finalmente) regressou.
Eu fiquei tão feliz (e triste ao mesmo tempo); porque ela vinha já com planos para outras paragens.
Bolas lá para a globalização (nem nos permite matar saudades).
Ai se eu mandasse... lá se ia (para sempre) a globalização.
Inventava a proximização e normatizava-a.
Ai de quem violasse tal regra; criaria multas (pesadíssimas), para quem ousasse fazê-lo.
Bora lá começar; chega de reclamar.
É que as outras paragens são cá dentro – raios -, ainda por cima.
E são elas mesmas uma espécie de globalização – que pena.  
A alma, sempre que a vejo sair - porta fora todas as semanas -, dói-me tanto.
Mas, nem por isso, ela todas as semanas volta- o que me deixa tão triste e me revolta.
Esta ganha tamanha força. 
Deportá-la parece ser vontade minha.
Mas eu nunca o faria- nunca!
E mais uma vez ela se foi – caem-me as lágrimas.
Partiu triste - triste veio -, porque tem de ser sempre assim?!
Digo para mim mesmo - segura as lágrimas -, segura-as.

Mas não consigo- quão fraca sou.




Texto de autoria de Lurdes Mesquita Babo

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