A Ilha de Aço que afinal era um Inferno.




Maria e Ana conversavam sobre as suas vidas como amigas que eram de longa data.
- Ah, para onde vais? - perguntou-lhe Maria.
- Vou viver para a “Ilha do Aço”. – respondeu-lhe Ana, com ar pleno de satisfação. 
As fácies de Maria reflectiram um ar de espanto e preocupação.
Ana perguntou-lhe de imediato:
- Não estás feliz por mim? Por nós?
Maria respondeu-lhe:
- Claro que estou. Mas também preocupada.
- Preocupada com quê? Já viste o calor que lá faz? E se a Ilha se denomina de Aço só pode ser segura, resistente e trazer-nos felicidade, não achas Maria?
- Como tua amiga tenho de te dizer que continuo preocupada.
- Mas com o quê? – Ana questionou-a, não estava a perceber de todo.
- Olha, desde logo, vais para uma terra diferente, com costumes muito diferentes. E se não te adaptares, só tens água à tua volta e o céu. É por aí que tens de ir. É por aí que tens de voltar. Já pensaste? Não deve ser assim tão fácil.
Ana argumentou:
- Logo eu a dar importância à amiga pessimista do grupo! . 
Maria contrapôs:
- Não é por mal, Ana, acredita. Conheço tanta gente que foi para lá e regressou. Dizem que é uma espécie de monarquia. Só meia-dúzia é que mandam. Têm fascínio por turistas, mas não por forasteiros. Aqueles deixam lá o dinheiro e os outros levam-no, percebes? E dizem que quando embirram com algum, sai de baixo amiga, sai de baixo... 
Maria soltou uma sonora gargalhada e disse:
- Só tu mesmo Ana, para me fazeres rir com essa imaginação!
Maria mudou-se com a família para a Ilha de Aço, levando todas as suas trouxas atrás. Ia feliz da vida, na esperança de uma vida melhor.
Mas, não passou muito tempo até que telefonasse à sua amiga.
- Ana, quero sair da Ilha.
Ana, conhecedora que era do espírito brincalhão de Maria, disse-lhe:
- Não zombes comigo, Maria. És sempre a mesma…Já percebi o que estás a fazer comigo, a inverter a frase cómica daquele programa televisivo em que o actor terminava sempre dizendo “Quero voltar para a Ilha”.
Maria não respondia apenas soluçava do outro lado da linha e do mundo.
Ana percebeu então não ser brincadeira.
A amiga confidenciou-lhe que lhe devia ter dado ouvidos, mas que agora já de nada adiantava. Ainda lhe segredou que não lhe podia – de lá – confidenciar-lhe os motivos, mas que o faria quando regressasse. Tinha medo até da própria sombra. E que no que aos forasteiros dizia respeito era exactamente assim, como ela a tinha avisado. 
Maria e a família ainda ficaram lá uns meses. Num sofrimento absoluto pela imerecida injustiça. Mas eram pessoas de palavra. Cumpriram as suas obrigações até ao fim.
Quando regressaram, Maria logo ligou a Ana dizendo-lhe:
- Amiga, finalmente cheguei da Ilha do Inferno! E aprendi duas grandes lições na vida: devemos ouvir sempre com muita atenção os verdadeiros amigos e – de facto – o dinheiro não é tudo na vida, porque não nos compra a Paz. E a Paz não tem preço

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