NO PRINCÍPIO... E... NO FIM...




No princípio foi o verbo olharJosé não tinha como deixar de reparar em Joana; ela sobressaía nos grupos de raparigas que era normal encontrar nas noites de sábado da sua cidade.
Pela sua beleza, mas também - no meio de tamanha súcia - pela sua discrição. 
Não descansou até a conhecer - verbo que José passou a partir daí a conjugar.
Para depois – ambos - passarem a conjugar o verbo amar.
Daí, até ao verbo possuir, foi um passo tão pequeno que os levou ao verbo juntar.
Mas foi uma verdadeira possessão com toda a êxtase da paixão.
O que levou à conjugação do verbo engravidar; e Joana emprenhou.
E da junção dos verbos amar e engravidar conjugaram ambos o verbo nascer – foram pais de Maria- que passou a ser o centro das atenções de Joana.
Por isso, José decidiu – com o passar dos tempos – que tinha
de conjugar os verbos possuir e amar não só na sua forma carnal, mas também na sua desgastante vertente psicológica.
Todas estas conjugações verbais, pensava José, davam-lhe o direito a que os ciúmes lhe toldassem o pensamento e de praticar (não conjugar) o verbo agredir.
A partir daí – José e Joana - começaram a conjugar verbos bem diferentes.
Ela o verbo ir; ele o verbo ficar.
Ele os verbos dividir e pagar.
Ela o verbo cuidar, (lembram-se da Maria ?!).
Acabando ambos a conjugar o verbo divorciar.
Por isso, passaram a ser o ex um do outro.
Não sem que antes José tentasse junto de Joana que assim não fosse.
Pensa bem.
Pensa melhor, mais uma e outra vez, disse-lhe.
Como, igualmente, lhe disse – sem sucesso compreensível – lembras-te de como era no princípio?!
Joana- depois de tudo – só queria conjugar o verbo esquecer.
E que o conjugasse José também.




Texto da autoria de Lurdes Mesquita Babo





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